Integrante da formação original do Azymuth, trio instrumental que surgiu nos anos 1970 e logo extrapolou as fronteiras do Brasil, José Alexandre Malheiros Filho, mais conhecido como Alex Malheiros, é um contrabaxista e compositor brasileiro, nascido em 19 de agosto de 1946, na cidade de Niterói. Compositor com equilíbrio perfeito entre harmonia e groove, teve como grande mestre, o rei do swing brasileiro Ed Lincoln, nos salões de dança dos anos 1960, no Rio de Janeiro.

Nascido numa família de músicos, Malheiros iniciou-se na música tocando bateria e, ainda menino, estudou piano durante dois anos. Filho do baixista Zezinho (que fez o primeiro baixo elétrico brasileiro, usando cordas de piano) e sobrinho do guitarrista Geraldo Malheiros, resolveu seguir os caminhos do pai e do tio e especializou-se no contrabaixo. No entanto, seu violão e sua guitarra podem ser apreciados em várias faixas de seus discos. Sua formação incluiu orientação inicial através do pai e também a convivência musical com os artistas niteroienses que frequentavam sua casa, como o píanista Sergio Mendes e o baixista Tião Neto. Seu grande interesse por música e instrumentos lhe rendeu, aos 13 anos, um emprego de músico.

Tocando na noite niteroiense, naturalmente ele foi ganhando uma visibilidade que lhe permitiu chegar ao mercado do Rio de Janeiro, e a partir daí, ele tocou com músicos como Tim Maia, Ed Lincoln, Márcio Montarroyos e Antonio Adolfo, por exemplo. Foi tocando na noite que Alex conheceu o tecladista José Roberto Bertrami e o baterista Ivan 'Mamão' Conti.

Na década de 1960, ao lado de Bertrami, Fredera, Victor Manga, Marcio Montarroyos, Ion Muniz e Raul de Souza, das cantoras Regininha, Dorinha Tapajós e Málu Ballona, e de Nonato Buzar, fez parte do grupo "A Turma da Pilantragem", com o qual lançou três álbuns ("A Turma da Pilantragem", em 1968, "A Turma da Pilantragem", em 1969 e "A Turma da Pilantragem Internacional".

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No início da década de 1970, atuou como músico de estúdio, gravando com diversos artistas, como Raul Seixas, Rita Lee, Elis Regina, Jorge Ben, Milton Nascimento, Odair José, entre outros, e participando de alguns discos.

Em 1973, o Azymuth nasceu, junto à cervejaria Canecão, antiga casa de espetáculos na Zona Sul do Rio de Janeiro. Em três palcos diferentes, Ivan Conti Mamão, Alex Malheiros e José Roberto Bertrami revezavam as apresentações atuando cada um com seu grupo. Os três artistas decidiram se juntar e formar o Azymuth, nome adotado por sugestão de Paulo Sérgio Valle durante as gravações da trilha sonora do filme "O Fabuloso Fittipaldi".

Após grande sucesso no Brasil, com o grupo se mudou para os Estados Unidos, iniciando assim, uma longa carreira internacional. Chegaram a se apresentar no Montreux Jazz Festival, tornando-se um dos primeiros artistas brasileiros a performar neste festival. Após problemas no início da década seguinte, voltaram a boa forma a partir da segunda metade da década, impulsionados pelo estouro do 'Acid Jazz' e um renovado interesse pelo seu trabalho. O desempenho internacional lhes rendeu contratos com diferentes gravadoras, como por exemplo, a holandesa Philips Records, a estadunidense Warner Music e a inglesa Far Out Recordings.

Contratados pela Philips Records (posteriormente Phonogram), os três gravavam e arranjavam as bases dos sucessos da época, como Raul Seixas, Tim Maia, Erasmo Carlos, MPB-4, Marcos Valle, Erlon Chaves, Sérgio Sampaio, Gonzaguinha entre muitos outros. Anos mais tarde, o Azymuth foi cultuado em Londres, onde o sucesso do álbum 'Jazz Carnival' (1979) na época do Disco, invadiu as pistas de dança das discotecas inglesas fazendo com que os DJ's mixassem e remixassem o hit. Com uma sonoridade eclética e diferenciada, o trio lançou mais de 20 álbuns.

Como artista solo, seu primeiro álbum foi lançado em 1984, sendo considerado hoje uma raridade. Recebido com entusiasmo pela crítica internacional, "Atlantic Forest" contou com a participação de grandes nomes nacionais e internacionais, como Marco Resende, André Dequech, José Luiz Duarte, Ion Muniz, Chacal, Getúlio Pereira, Picolé, Victor Biglione, Nivaldo Ornellas, Guilherme Rodrigues, Serginho Trombone, Ricardo Pontes, Paulinho Proença, Café, Mamão, Arthur e Thereza Malheiros.

Em 1992, pelo selo Niterói Discos, lançou "Zenith", que teve a participação de sua filha mais nova, Sabrina Malheiros, na época com 11 anos de idade. Em um projeto independente com o percursionista Sidinho Moreira e o tecladista Marvio Ciribelli, lançou em 1996 o disco "Floresta Urbana".

Conheça Zenith, LP lançado pela Niterói Discos


Azimuth: Ivan Conti, José Roberto Bertrami e Alex Malheiros



Em 2007, o aclamado contrabaixista retornou com um novo projeto solo pelo selo londrino Far Out, 'The Wave', com 14 faixas de autêntico Samba Jazz, Bossa Nova e Funk. O trabalho conta novamente com a paticipação de Sabrina - já uma cantora madura, enquanto o bom Malheiros executa contrabaixo, baixo elétrico, violão e backing vocal. Os arranjos de piano, metais, e percussão da Banda Utopia arrematam com chave de ouro.

A partir de 2020, os lançamentos se intensificaram, no final deste mesmo ano ele lançou o disco "Teatro dos Sonhos", com 6 faixas.

Em 2021, com repertório inteiramente autoral composto por 12 temas, lançou "Tempos Futuros", nos formatos de LP, CD e em edição digital, com capa que expõe arte de Noopur Choksi. Com produção musical orquestrada por Daniel Maunick, o repertório segue a linha do Azymuth e se deriva do jazz-funk, do samba-funk e do brit-funk. E por último, em 2022, lançou o CD "Expresso Noturno", e em parceiria com Pompeo e Rodrigo Silva, o single "Sambatronik".

Alex é respeitado no Brasil como um dos originais mestres do grove, tendo desenvolvido um som único, com slaps no baixo Rickenbacker. Inclusive, teve a honra de ter uma de suas performances incluída no disco ‘Basse Électrique – Lês Plus Grands Artistes’, uma coleção lançada pela Warner Jazz, que elege o grandes baixistas elétricos de todos os tempos, ao lado de Jaco Pastorius, Stanley Clarke, Marcus Miller, Abraham Laboriel, entre outros.

Ao longo de sua prestigiada carreira, Malheiros apresentou-se e gravou com grandes nomes da música brasileira como Ivan Lins, Simone, Milton Nascimento, Nana Caymmi, Eumir Deodato, Emílio Santiago e João Donato, e da cena internacional como Dave Grusin, Stevie Wonder, Incognito, Joe Pass e George Duck. Para o músico, as Influências são tudo o que já viu e ouviu até hoje. "Minha música é realmente a mistura de tudo a que já fui exposto. Meu coração me diz o que o agrada, e isso transparece na hora de compor e tocar."








Publicado em 06/10/2022

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