A mostra, que marca a inauguração da Sala Carlos Couto, no anexo administrativo do Theatro Municipal de Niterói, apresenta 9 estudos do artista para a boca de pano do teatro
Pinceladas de arte contemporânea alegrarão a partir de hoje, 06 de agosto de 1993, o anexo do Theatro Municipal de Niterói. Ainda em fase de reforma, o histórico espaço cultural daquela cidade abre para uma exposição do artista plástico e paisagista paulista
Roberto Burle Marx.
A mostra, que apresenta nove estudos para o pano de boca (popularmente conhecido como cortina) da casa, marca a inauguração da Sala Carlos Couto, em uma homenagem póstuma a um famoso jornalista da cidade, militante da cultura e ex-diretor da Casa. Este espaço será utilizado paralelamente à programação oficial do teatro, com a realização de exposições, eventos multimídia, como workshops de música clássica, exibição de vídeos de ópera, balé e palestras.
O pano de boca do teatro encobrirá uma porta corta fogo, que correrá o palco de ponta a ponta em caso de incêndio, separando-o da plateia. A cortina fará parte do cenário permanente do local.
Cláudio Valério Teixeira, coordenador da restauração do prédio construído no século XIX, acredita que a obra de Burle Marx irá chocar a população, uma vez que servirá como elemento de ligação entre a tradição arquitetônica do teatro e a arte contemporânea.
"A sua pintura tem sentido grandioso e pegará muita gente de surpresa. Trata-se de uma pintura de enorme dimensão, que poderá ser vista sempre que um espetáculo estiver em cartaz. Valério acrescenta que o paisagista buscou inspiração nas cores do Theatro Municipal e levou para os nove estudos - entre eles dois em acrílico sobre cartão, duas serigrafias e duas litografias, tons de ocre, vermelho Veneza e verde. Esse cromatismo é empregado em formas abstratas de linhas e curvas.
A Secretaria de Cultura de Niterói acredita que a pintura do pano de boca deverá se tornar a obra de maior projeção do artista.
Doutor Honoris Causa do Royal College of Art (Londres), da Academia Real de Belas Artes (Holanda), da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Università degli Studii di Firenze, Facolttà di Architettura (Itália), Roberto Burle Marx ficou famoso com o projeto do Aterro do Flamengo e o jardim do Museu de Arte de Belo Horizonte.
O jornalista Carlos Couto, apontado como um dos principais defensores do TMN, lutou durante muitos anos para sensibilizar a classe política sobre a importância histórica do local, mas morreu sem ver concretizada sua batalha.
Para ele, era inconcebível que um teatro como aquele ficasse esquecido. Couto sempre lembrava que naquele mesmo endereço, em 1833, surgiu o teatro brasileiro, quando João Caetano instalou a Companhia Nacional Dramática. Parte das metas é devolver ao espaço a tradição do passado, dando a ele um lugar de destaque na vida cultural niteroiense", avisa Cláudio Valério.
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